terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Audioslave - Audioslave

Decidi fazer um prolongamento no revivalismo dos 70s e escrever sobre algo bastante recente. Já no novo milénio os sobreviventes de duas das maiores bandas do rock alternativo dos anos noventa juntam-se numa grande e ambiciosa produção. A fórmula era infalível: Brad Wilks, Tim Commerford e Tom Morello dos Rage Against The Machine com a voz de Chris Cornell mais conhecido pelo trabalho nos Soundgarden. Depois do fiasco musical que foi o Nu-Metal, esta era a banda que tinha os meios, o talento e a notoriedade para salvar o rock, eram os combatentes que chegaram ao novo século como heróis. Hoje a banda conta com três registos de originais e parece cada vez mais perto de concretizar o seu enorme potencial, no entanto, falta sempre alguma coisa, fica o sentimento de que preferem acomodar-se no espectro radiofónico ao invés de explorarem a rebeldia e a agressividade que os trouxe a este patamar. Por vezes sou demasiado exigente, no entanto, não esqueço que tudo o que os Audioslave lançaram até agora é de grande qualidade e este album é para mim cabeça-de-cartaz, tudo começou aqui.

Musicalmente falando, o que mais sobressaiu no regresso destes homens aos grandes palcos do sucesso foi a sua maturidade, já não há aqui a agressividade povoada com letras de intervenção política e social. Espera-nos um som intencionalmente reminiscente dos 70s (lá estou eu outra vez), com as palavras de um Chris Cornell fustigado pela bebida que encontra na música um escape e ao mesmo tempo os seus demónios. A faixa de abertura (e primeiro single) foi Cochise, uma clara demonstração do poderio da banda: temos os efeitos sonoros do exuberante Tom Morello na guitarra, o baixo pulsante de Tim C. que contrasta com o chocalhar frenético da tarola de Brad Wilks e a voz aguçada de Chris Cornell. Segue-se Show Me How To Live que é para mim a imagem de marca deste album: um hino incediário ao rock dos 70s. De destacar também Like A Stone que representa a faceta madura do grupo, o single de sucesso, a canção que lhes confere o inexorável estatuto comercial e deixou para a posteridade um dos mais melódicos solos de guitarra de Tom Morello.

Estes são os dias das nossas vidas, tal como passados mais de 10 anos da morte de Kurt Cobain se propagou a ideia de que Nevermind foi o album mais representativo do grunge, se após mais 10 anos me perguntarem se os Audioslave conseguiram salvar o rock... direi que sim.



3 comentários:

JP disse...

Conseguiste, este foi definitivamente para provocar e mereces inteiramente este comentário. Se calhar posso dizer em teu abono que este foi o último álbum que me fez andar com o discman para trás e para a frente em todo o lado. Depois disso, aí sim, finalmente, aderi ao MP3. Que grande primeiro álbum. Ouvia-se sem se perceber, sem se dar por isso, mas ao contrário do costume as músicas ficavam na memória. Soube procurar os melhores riffs, as melhores vocalizações, os melhores cenários na urbana Lisboa para desfrutar aquele som maravilhoso. Que saudades que eu tinha daquela banda, não, de uma super-banda que fosse assim mesmo.

Só achei a referência aos Nirvana desnecessária. Pode ser que um dia os Audioslave sejam objecto de culto, sim, mas nunca junto dos Nirvana. Porque acho que os Nirvana tiveram um fim precoce, apesar de tudo. E os Audioslave, acredito piamente, ainda estão longe do seu melhor. Continua o bom trabalho meu amigo. :)

Pedro disse...

Eu prometo que ando a mangicar um comentário decente para fazer como tinha prometido.

Amanhã já o tens =p

Pedro disse...

Resumindo sou um tretas.
Pensei e pensei num comentário decente para fazer, com alguns detalhes técnicos e tudo, mas cedo entendi que não estava para ai virado.
Quanto aos Audioslave, que posso eu dizer, uma das minhas bandas favoritas, banda criada em 2001 com a junção do trio Tim, Tom, Brad dos RATM e com o Chris Cornell dos Soundgarden, mais duas bandas da OST da minha vida.
É uma banda nova que ainda vai dando os seus primeiros passos, com três albums apenas, Audioslave em 2002, Out Of Exile em 2005 e Revelations em 2006, prometem uma grande margem de progressão sem deixarem de ser fieis ao seu próprio estilo. Por muito que me custe conceber podemos dizer que o espirito intrevencionista dos RATM ainda faz parte da formação da banda com o DVD lançado em Cuba, mas não consigo conceber que nos Audioslave se oiçam sonoridades de outras bandas que não Audioslave.
Acho que são uma banda autêntica, original, e com trabalho feito, o suficiente para não os confundirmos com qualquer outra banda.
Uma excelente banda, com excelentes músicos, boa música e da qual nunca me vou desligar.