sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Queen - A Night At The Opera

No novo ano não há como acabar o que ficou por fazer do antigo, passo a explicar: num jantar de amigos, passado já há alguns meses, perguntei a dois ilustres membros desse grupo restrito qual seria o álbum que mais gostariam de ver mencionado neste blog; a resposta foi difícil, mas redundou nesta escolha, no mínimo, curiosa. Os Queen foram uma das bandas mais apreciadas de sempre e quem não se recorda de We Are The Champions ou Kind of Magic como hinos de infância? No entanto, parece-me que o grupo tende a ser visto como uma máquina de hits e que muitos adeptos da sua música se esquecem (ou nunca conheceram) do que foram II, A Night At The Opera ou A Kind Of Magic como registos de originais. É claro que foram e continuarão a ser uma das maiores bandas de sempre, ainda assim, nota-se o apego a certo tipo de fórmulas, o que suscita a questão: será esta uma banda que via, no álbum, dez tentativas para chegar ao mercado de singles?

A primeira faixa, apelidada de Death On Two Legs, reflecte um pouco o título do álbum e demonstra que as harmonias vocais surgiam muito entre os vários membros da banda, contudo, consegue ser uma composição “Mercuriana” no seu lado mais rocker. A contrastar com a faixa anterior surge Lazing On A Sunday Afternoon, esta é outra típica canção de Freddy, mas no seu estilo de cabaret ao piano. A aproveitar o potencial artístico de Roger Taylor temos I’m In Love With My Car, muito hard, com bons arranjos e bastante espaço para as pirotecnias de Brian May na guitarra. You’re My Best Friend é uma das mais ouvidas do álbum e, apesar de não exibir grande complexidade técnica, é uma melodia extraordinária, quase viciante. Uma autêntica delicia para os ouvidos é ’39 da autoria de Brian May, surpreendentemente harmoniosa, a voz do guitarrista combina muito bem com o instrumental acústico. Segue-se Sweet Lady que não é mais que um rocker mediano comparado com o que já se ouviu da banda. Seaside Rendevouz vem no mesmo trilho que Lazing… e neste ponto do disco quebra um pouco o bom andamento do mesmo. Para recuperar o ímpeto aparece o épico The Prophet’s Song que entrega um dos melhores momentos de Mercury, num brilhante “solo vocal” conjugando harmonias e percorrendo a escala salteadamente. Depois desta belíssima faixa temos uma balada séria e sentida em Love Of My Life que encontra o seu oposto em In Good Company, esta mais solta e descontraída levando a atmosfera de novo a um ponto neutro. Bohemian Rhapsody é o momento por que todos esperávamos, a mini ópera-rock que colocou os Queen numa categoria própria; arranjos orquestrais, harmonias vocais e sequências rock fantásticas é dizer pouco. O disco acaba depois de um tributo electrizante de May a God Save The Queen.

Respondendo à questão com que encerrei a introdução: é claro que os Queen não eram uma banda de singles, no entanto, as excentricidades e o barroco em Mercury conseguiam ser o melhor e o pior do conjunto. O lançamento de alguns dos melhores hits de sempre e uma postura em palco nunca abaixo do excelente cativaram uma eterna legião de fãs, mas, os mais aguerridos conseguem ver além disso e deliciar-se-ão com a outra face menos conhecida da banda.