terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Desafio Do Dexter

Só para dar numa de engraçadinho respondo ao Dexter com 3 bandas diferentes, em primeiro lugar uma das minhas favoritas: Dream Theater (Video - Lifting Shadows Of A Dream).

1. És homem ou mulher?
"The Silent Man"

2. Descreve-te.
"As I Am"

3. O que as pessoas acham de ti?
"The Killing Hand"

4. Como descreves o teu último relacionamento?
"Lie"

5. Descreve o estado actual da tua relação.
"Vacant"

6. Onde querias estar agora?
"Under A Glass Moon"

7. O que pensas a respeito do amor?
"Lifting Shadows Of A Dream"

8. Como é a tua vida?
"Endless Sacrifice"

9. O que pedirias se tivesses só um desejo?
"Take Away My Pain"

10. Escreve uma frase sábia.
"Light Fuse And Get Away"



Agora a banda que tenho ouvido mais nos últimos dias e que por consequinte me lembro melhor das músicas: Soundgarden (Video - Big Dumb Sex)

1. És homem ou mulher?
"Mailman"

2. Descreve-te.
"Face Pollution"

3. O que as pessoas acham de ti?
"Superunknown"

4. Como descreves o teu último relacionamento?
"Big Dumb Sex"

5. Descreve o estado actual da tua relação.
"Fell On Black Days"

6. Onde querias estar agora?
"My Wave"

7. O que pensas a respeito do amor?
"Black Hole Sun"

8. Como é a tua vida?
"Down On The Upside"

9. O que pedirias se tivesses só um desejo?
"Loud Love"

10. Escreve uma frase sábia.
"Ugly Truth"



E por fim, Uma banda que conste aqui no blog: Third Eye Blind (Video - Wounded).

1. És homem ou mulher?
"Burning Man"

2. Descreve-te.
"Good Man"

3. O que as pessoas acham de ti?
"The Background"

4. Como descreves o teu último relacionamento?
"Deep Inside Of You"

5. Descreve o estado actual da tua relação.
"Wounded"

6. Onde querias estar agora?
"London"

7. O que pensas a respeito do amor?
"Wake For Young Souls"

8. Como é a tua vida?
"Darkness"

9. O que pedirias se tivesses só um desejo?
"Another Life"

10. Escreve uma frase sábia.
"Thanks A Lot"

domingo, 21 de dezembro de 2008

Jeff Buckley - Last Goodbye

Ultimamente tenho andando a redescobrir Jeff Buckley, uma das melhores vozes da década passada, compositor extremamente talentoso e um verdadeiro "animal de palco". O álbum Grace é a peça definitiva do escasso legado musical que ainda hoje vai surgindo através de material gravado ao vivo ou esquissos de canções de origem caseira, nele figura este Last Goodbye. Estou neste momento a passar o video e vejo-me impontente para escrever alguma que faça justiça ao que ouço (os Coldplay devem ter sentido o mesmo, só que escreveram mesmo o que ouviam), vou ficar por aqui...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Firstborn - Too Sore To See

Por esta tomo responsabilidade, é um guilty pleasure que não tenho o direito de impingir a ninguém, mas por outro lado tenho um blog... Esta defunta banda de teen rock não chegou a levantar voo e despediu-se do mundo do rock só com o EP Embers e uma demo. É a chamada música boa onda que está muito ligeiramente acima da média do género, quem sabe se o myspace dos Firstborn não fica nas vossas playlists. Ahh e já agora o video também é mau, podem ouvir enquanto navegam à vontade.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Steven Wilson - Insurgentes

Steven Wilson, produtor, multi-instrumentista e líder dos Porcupine Tree, está de regresso a solo com o álbum Insurgentes. Com muito PT à mistura, nota-se perfeitamente o carácter experimental deste lançamento. Admito que não será um álbum equilibrado, com algum destaque para a electrónica, que é uma constante no reportório a solo do Steven Wilson, nem sempre bem conseguida. Fica aqui o trailer do álbum, que em mais um exemplo de devoção artística faz de uma viagem (ao México) parte da música e vice-versa, realizado por outro artista de renome: Lasse Hoile.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

John Butler Trio - Ocean

Para mim foi uma das melhores bandas a actuar no Optimus Alive 2008, fiquei muito impressionado com a música e espírito deste grupo australiano. No vídeo da canção Ocean é bem visível a "garra" do líder John Butler.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Subaudition - Raindrops

"Só por esta pérola já valeu a pena comprar a Loud!", foi o que pensei há uns anos quando ouvi Subaudition. Este dueto oriundo da Finlândia editou o álbum de estreia The Scope e com ele revelou uma delicadeza e uma complexidade harmónica notáveis. Vejam o clip de Raindrops.

Third Eye Blind - Non Dairy Creamer

Depois de 5 anos sem novidades chega o EP Red Star e com ele esta pequena delícia Non Dairy Creamer, dos míticos Third Eye Blind.

Red Sparowes - Alone and Unaware, The Landscape Was Transformed In Front Of Our Eyes

Continuando com as texturas sonoras do post-rock, estes são os Red Sparowes, formados com membros de colossos como Isis e Neurosis. Esta banda tem a particularidade de não utilizar voz, no entanto, descreve uma narrativa no título das canções que tal como a própria lógica do post-rock vale pelo todo do álbum. Este vídeo (Alone and Unaware, The Landscape Was Transformed In Front Of Our Eyes do álbum At The Soundless Dawn) incorpora o ambiente e criatividade do grupo, isto é, como registo ao vivo.

Isis - Holy Tears

Da Califórnia chega Isis, um dos ícones maiores do post-rock da actualidade, que me foi apresentada pelo Bill como "uma coisa extremamente ambiental e negra" muito na onda de Tool (chegaram a abrir para eles na tour norte-americana de 2006). Vale a pena espreitar este vídeo (Holy Tears) do álbum In The Absence Of Truth.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Ouvir e Ver

Estas férias tenho aproveitado para me por a par da colecção de Dvds que vai crescendo a olhos vistos na prateleira, daí que para este post tenha optado por uma selecção de bandas sonoras ao invés dos habituais registo de originais. O ponto em comum nestes três filmes e respectivas OSTs é o de estarem profundamente imbuídos no espírito de uma das minhas décadas favoritas que são os anos setenta.

Começo com Vanishing Point ou Corrida Contra o Destino, em que sem grandes explicações Barry Newman como Kowalski inicia uma viagem frenética de Denver até San Francisco num Dodge Challenger carregado com 440 cavalos de potência; uma primeira parte cheia das mais intensas perseguições que já vi em cinema e um final chocante confere a este filme pós-hippie o estatuto de culto. A banda sonora é de luxo com grandes temas soul como Where Do We Go From Here e Over Me; o rock ácido de Freedom of Expression e Mississipi Queen; especial referência também para o tema Nobody Knows de Kim and Dave que fecha a película com a primeira contribuição musical de Kim Carnes. Como se trata de um artigo algo raro, fica aqui o link.

Em Profondo Rosso ou O Mistério da Casa Assombrada assistimos a David Jennings e Daria Nicolodi na senda de um assassino que podia ter saído da imaginação de Hitchcock, no entanto com os recortes de génio (literalmente brutais) de Argento. No filme de referência do Giallo temos trechos musicais de referência dos Goblin de Claudio Simonetti, particularmente, no tema do filme (Profondo Rosso) que faz lembrar Tubular Bells de Mike Oldfield (O Exorcista). Fica o link.

Numa sugestão mais acessível, mas nem por isso mais fraca fica a última obra de Tarantino: o famigerado Death Proof ou À Prova de Morte em duas descrições possíveis: Um slasher violento de homenagem visual ao cinema exploitation em que Kurt Russel usa um bólide reforçado para matar raparigas inocentes; ou um conto moderno que explora a misoginia da personalidade principal que se opõe à promiscuidade das adolescentes nele retratadas. Qualquer que prefiram digo apenas que este filme é sinónimo de divertimento. As músicas não fogem ao já nos habituámos dos filmes de Quentin Tarantino: com Baby It’s You, Jeepster, It’so Easy e (a minha favorita) Chick Habit de April March é difícil não gostar. O link.

Já me conhecem e sabem que sou bastante parcial na apreciação, por desta vez não tentei fugir a esse estigma, haveria e há muito para dizer sobre estes filmes e músicas, mas procurei evidenciar o gosto que eles despertam mesmo passados 30 anos dessa grande década para a cultura contemporânea. Ouçam e vejam enquanto aproveitam o que resta das férias.

sábado, 31 de maio de 2008

Mais Forte Que Eu

Esta referência à canção do álbum Tunnel Of Love surge na sequência do último post do Ritos Nocturnos, visto que independentemente do que um sujeito queira dizer há sempre alguém que já o disse de forma mais elucidativa e interessante. Pareceu-me no decorrer do processo criativo (ou não) de elaboração daquele escrito que a Tougher Than The Rest seria, para além de uma banda sonora muito apropriada, um bom complemento literário.

Está, também, integrada na temática do passado e do efeito que este tem no modo como abordamos as relações, isto porque a ouvi até à exaustão quando se estreou num auto-rádio perto de mim em 1989-90 e nunca me identifiquei com o seu ponto de vista material (pelo menos do modo que foi descrito pelo Bruce), até há pouco tempo. Aqui fica o link.

Well it's saturday night you're all dressed up in blue

I been watching you awhile maybe you been watching me too
So somebody ran out left somebodys heart in a mess
Well if you're looking for love honey I'm tougher than the rest

Some girls they want a handsome dan or some good-lookin joe
On their arms some girls like a sweet-talkin romeo
Well round here baby I learned you get what you can get give
So if you're rough enough for love honey I'm tougher than the rest

The road is dark and it's a thin thin line
But I want you to know I'll walk it for you anytime
Maybe your other boyfriends couldn't pass the test
Well if you're rough and ready for love honey I'm tougher than the rest

Well it ain't no secret I've been around a time or two
Well I don't know baby maybe you've been around too
Well theres another dance all you gotta do is say yes
And if you're rough and ready for love honey I'm tougher than the rest
If you're rough enough for love baby Im tougher than the rest

domingo, 27 de abril de 2008

INXS - Kick

Nos meus últimos aniversários criei uma tendência para fazer durante alguns minutos um exercício de nostalgia e este ano evoquei uma memória particularmente engraçada que vou incorporar no post (álbum) deste mês. Como todos os adolescentes de 14 anos (os mais normais) sonhava acordado com uma rapariga que estava anos-luz à minha frente na esfera social. Durante o tempo em que durou esta paixoneta descobri INXS, mais especificamente um tema (Disappear) que era a coisa mais cool de sempre. Voltando à tal situação pseudo-embaraçosa, num dia de calor ela (que não sonhava que eu existia) passa pela rua onde eu do outro lado do passeio ouvia INXS e, repare-se, como o sol estava de frente para ela, a ideia era eu ser a primeira pessoa visível depois do encandeamento. Com completa consciência deste cenário pareceu-me que a coisa mais acertada a fazer era mudar para a faixa 8 do Greatest Hits e esperar que a moça reparasse no ar cool que emanava de mim. Este foi um (ainda que triste) exemplo da vibração que passa desta banda e deste registo de originais em especial.

O pontapé inicial é dado por Guns In The Sky, num rock FM bem batido, ainda que em 86 não se pudesse dizer o mesmo. Segue-se uma das melhores canções da banda, New Sensation, cuja letra acabou por dar o título ao disco ao vivo do grupo Live Baby Live e nestas palavras se revê a canção. Devil Inside segue uma sonoridade rock mais fluida e foi mais um êxito da altura. Para muitos Need You Tonight é "a" música dos INXS e para os restantes foi um sucesso nas discotecas da época; importa mesmo é reter que já toda a gente gostou ou gosta deste tema. Surge ligada (efectivamente só ao vivo) à canção anterior, Mediate, que consiste em repetir palavras acabadas em "ate", que curiosamente até funciona bem (com Michael Hutchence era fácil) e possui uma ambiência muito interessante criada pelo órgão e saxofone. The Loved One é uma das menos conhecidas, mas que se ouve muito bem, com uma estrutura blues que embora esteja presente no estilo do grupo australiano é mais notada aqui. Wild Life é uma canção que reúne características de New Sensation e Devil Inside, parece-me ideal para ouvir numa estrada larga ao volante de um descapotável. Mais outro grande êxito (ou o êxito) é Never Tear Us Apart, recentemente interpretada por Joe Cocker, mas não se enganem o original é mesmo este e é a versão definitiva. Mistify é das minhas favoritas e uma que consegue deixar milhares de pessoas a cantar ao mesmo tempo nos concertos do grupo. Depois da grandiosa experiência anterior, temos que arranjar um folgo extra para Kick, já não tão espectacular, mas com uma mensagem que diz tudo (“Sometimes you kick, sometimes you get kicked”). Como o álbum não acaba depois de Kick, temos Calling All Nations e Tiny Daggers que não conseguem superar nada do que ouvimos anteriormente, contudo, são um final muito agradável para um disco pop rock tão bom.

O tempo encarrega-se de concluir todas as histórias e nem a minha nem a dos INXS resistem: Michael Hutchence suicida-se (ou não) em 1997 e o grupo não volta aos sucessos que antes teve; depois de ver a rapariga passar lá arranjei coragem para falar com ela e tentar levá-la ao cinema, no entanto ficou por aí. É a beleza das memórias que realmente importam, pois passados 20 anos ainda permanecem: para o Kick sei que os anos não têm modo de o calar; já no que toca ao meu episódico romance, digo que vos contarei outros (é melhor dizer “outro” porque estas coisas no plural têm a mania de se voltar contra nós, futuramente falando) com um final mais feliz.

domingo, 20 de abril de 2008

Há leitores e Leitores...


Primare Leitor CD31

Quando comecei a reparar em aparelhagens olhava para os módulos e para as marcas e tinha como dado adquirido que todos os sistemas de som eram assim: imponentes e estilizados. Desde pequeno que sabia que era preciso ligar o amplificador, senão o leitor de cds não funcionava e que o gira-discos estava no canal de phono. O Hi-Fi Stereo era rei e senhor.

Passaram os tempos e mais ou menos pela altura do meu secundário, os sistemas miniatura fazem furor, ali estava uma aparelhagem que cabia na mala da minha mãe com uma potência capaz de arrancar o tímpano do ouvido. O equalizador era pré-definido para Pop, Rock, Dança ou Clássica e o mostrador de barras fazia inveja ao Kitt. Nunca possuí um confesso, mas digo que em audições feitas em sistemas alheios, não havia melhor para ouvir "metaleiras" (estilo do qual fui adepto na adolescência). O Mini Hi-Fi Stereo Ultra Bass estava na moda.

O motoqueiro em mim rapidamente partiu e sempre fui fiel à aparelhagem de módulos aiwa que lá tinha em casa. Há cerca de dois anos o amplificador deixou de amplificar, possivelmente, cansado de o fazer depois de tantas horas ao longo tantos anos. Foi quando fiquei obrigado a reproduzir música através do leitor de DVD que percebi a falta de um bom sistema de som: a reprodução perde qualidade, a música perde sensibilidade, o interesse decai. No que toca ao som falo aqui de uma experiência que tem que ser vivida para ser compreendida, pois sem a devida fidelidade cheguei mesmo a sentir-me como o comum Zé que ouve no PC os CDs e mp3 só para ter barulho de fundo (não censuro quem ouve música no computador porque também faço o mesmo e é assim que vou descobrindo bandas e actualizando o meu conhecimento musical, refiro-me antes aos que utilizam apenas este meio e não conhecem nem querem conhecer a música como ela foi feita para ser ouvida).

A situação manteve-se até que através de um amigo fico a conhecer um novo patamar de fidelidade sonora: o High-End. Esta espécie de mentor audiófilo apresentam-me um sistema que vou referir aqui:
Leitor de CD Accuphase DP-67 Pré Amplificador Primare Pré-30 Amplificador de potência Primare A30.2 Colunas ATC SCM11 Cabos colunas Acoustic Zen Satori Interconects balaceados Alguns vibrapods do Quadros e Ventura

Como calculam, no momento em coloquei uma cópia do Fear Of A Blank Planet dos Porcupine Tree (considerada a melhor gravação stereo surround de 2007) no Accuphase (que é um monstro no que toca à reprodução de CD), foi como se a estivesse a ouvir pela primeira vez e em toda a sua glória: todos os detalhes, todos os silêncios estavam ali perceptíveis e os graves (característica própria das colunas ATC) eram fenomenais.

O meu amigo acabou por substituir as colunas ATC por umas Harpa Lusitana com 8 vias de som (incluindo Super Tweeters) e agora com um sistema unificado Primare (do qual é parte o leitor da foto de cima) consegue uma sinergia e performance que antes não tinha. Não sou conhecedor mundo High-End (nem neste momento o posso ser devido ao custo dos aparelhos), mas cada vez que ouço uma peça musical neste tipo de sistemas aprendo algo de novo, porque embora a qualidade de som não seja o mais importante ajuda imenso a descobrir um universo que antes estava inexplorado, aumentando exponencialmente a qualidade do som que já tínhamos em boa conta (ou diminuindo no caso contrário). O High-End aguarda-nos, entretanto fica uma foto do meu velhinho aiwa mx-d8 (RIP).


Um obrigado aos administradores do www.audiopt.net e um grande abraço para o Orion (sempre à procura do sistema perfeito).

sábado, 1 de março de 2008

Morte Macabre - Symphonic Holocaust

Na música, como na vida, seguimos um curso e teremos sempre que nos render ao devir, às vicissitudes de um gosto adquirido e ao desejo que anseia por algo diferente de tudo o que já conhecemos. É este sentimento que nos faz progredir, no entanto, nunca cortamos completamente as amarras com o passado, procuramos reinventá-lo, almejando a perfeição nunca antes atingida. Morte Macabre é para mim um bom exemplo disso: é um projecto que compreende a fusão de duas bandas que gosto muito (Anekdoten e Landberk ou Paatos) e que recolhe inspiração directa e explicitamente da banda sonora de filmes de terror (e um erótico) dos anos 70. Ao ouvir pela primeira vez esta música, seduziu-me na sua melancolia e romancismo negro, o que não me deixa alheio ao facto de se tratar de um estilo restrito e mais acessível a uma elite do que ao ouvinte circunstancial.

O álbum começa pesado, com Apoteosi Del Misterio, retirada do filme de Lucio Fulci: Paura nella città dei morti viventi ou City Of The Living Dead. Esta faixa é metafórica, em relação ao resto do álbum, isto é, estabelece em crescendo uma atmosfera densa e claustrofóbica até entregar um ritmo maquinal, ainda que, tecnicamente cativante. Threats Of Stark Reality é uma composição dos intérpretes (Berg, Nordin, Fiske e Dimle) servindo de introdução a Sequenza Ritmica E Tema, esta que é parte do clássico de Fulci: E Tu Vivrai N'el Terror - L'Aldila ou The Beyond. A transição entre as duas canções é exemplar e Sequenza... começa com o pulsar do baixo de Dimle num ritmo aparentemente descuidado, equilibrando-se progressivamente até se diluir no tema assombroso do filme. Segue-se uma composição bem conhecida dos cinéfilos que apreciam Rosemary's Baby ou A Semente do Diabo de Polanski, Lullaby é isso mesmo, uma canção de adormecer sinistra, cantada por Yessica Lindkvist num registo de voz etéreo e suavizante. Com esta atmosfera calma, ainda que evocantemente negra e tensa, surge Quiet Drops, sendo esta uma das minhas favoritas do álbum, original dos Goblin composta para Buio Omega ou Beyond The Darkness realizado por Joe D'Amato (Aristide Massaccesi). É uma canção fantástica que reúne dois excelentes guitarristas (visto que Berg estava, sobretudo, encarregue do Mellotron) cabendo a ribalta a Fiske que emula perfeitamente as "gotas". O "intermezzo" neste holocausto sinfónico aparece pela face do Opening Theme, do famigerado Holocausto Canibal ou no original Cannibal Holocaust de Ruggero Deodato, que é uma faixa mais leve em relação ao resto, mas com o efeito nostálgico decorrente do facto de ter sido misturada através de um radio velho. O disco prossegue com The Photosession emprestada pelo filme erótico, The Golden Girls, protagonizado pela playmate do ano (bem longínquo) Shauna Grant. Esta é uma faixa relaxante muito por culpa do som das ondas de Janne Hansson, no entanto decadente e melancólica. A magnum opus do quarteto esta reservada para Symphonic Holocaust e assiste-se ao longo dos cerca de 18 minutos, em que somos acompanhados pelos músicos, a um reaproveitar e reinventar dos "truques" evocados durante a interpretação das faixas clássicas, assim como a uma composição original fortíssima sob a forma de épico do "lado negro" de cada um dos artistas.

Com quase tudo dito, é pertinente reafirmar que este disco é uniforme e bastante estilizado, tal como o é único e genuíno. Não pretende agradar a todos e certamente que não é para todas as ocasiões, divulgando o lado mais soturno que escondemos, até nós próprios, sob pena de se tornar depressivo. É artisticamente gótico como o é romântico, mas acima de tudo, é uma homenagem ao passado que deixa um exemplo para o que futuramente se pode conseguir sem trair as raízes do género.


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Queen - A Night At The Opera

No novo ano não há como acabar o que ficou por fazer do antigo, passo a explicar: num jantar de amigos, passado já há alguns meses, perguntei a dois ilustres membros desse grupo restrito qual seria o álbum que mais gostariam de ver mencionado neste blog; a resposta foi difícil, mas redundou nesta escolha, no mínimo, curiosa. Os Queen foram uma das bandas mais apreciadas de sempre e quem não se recorda de We Are The Champions ou Kind of Magic como hinos de infância? No entanto, parece-me que o grupo tende a ser visto como uma máquina de hits e que muitos adeptos da sua música se esquecem (ou nunca conheceram) do que foram II, A Night At The Opera ou A Kind Of Magic como registos de originais. É claro que foram e continuarão a ser uma das maiores bandas de sempre, ainda assim, nota-se o apego a certo tipo de fórmulas, o que suscita a questão: será esta uma banda que via, no álbum, dez tentativas para chegar ao mercado de singles?

A primeira faixa, apelidada de Death On Two Legs, reflecte um pouco o título do álbum e demonstra que as harmonias vocais surgiam muito entre os vários membros da banda, contudo, consegue ser uma composição “Mercuriana” no seu lado mais rocker. A contrastar com a faixa anterior surge Lazing On A Sunday Afternoon, esta é outra típica canção de Freddy, mas no seu estilo de cabaret ao piano. A aproveitar o potencial artístico de Roger Taylor temos I’m In Love With My Car, muito hard, com bons arranjos e bastante espaço para as pirotecnias de Brian May na guitarra. You’re My Best Friend é uma das mais ouvidas do álbum e, apesar de não exibir grande complexidade técnica, é uma melodia extraordinária, quase viciante. Uma autêntica delicia para os ouvidos é ’39 da autoria de Brian May, surpreendentemente harmoniosa, a voz do guitarrista combina muito bem com o instrumental acústico. Segue-se Sweet Lady que não é mais que um rocker mediano comparado com o que já se ouviu da banda. Seaside Rendevouz vem no mesmo trilho que Lazing… e neste ponto do disco quebra um pouco o bom andamento do mesmo. Para recuperar o ímpeto aparece o épico The Prophet’s Song que entrega um dos melhores momentos de Mercury, num brilhante “solo vocal” conjugando harmonias e percorrendo a escala salteadamente. Depois desta belíssima faixa temos uma balada séria e sentida em Love Of My Life que encontra o seu oposto em In Good Company, esta mais solta e descontraída levando a atmosfera de novo a um ponto neutro. Bohemian Rhapsody é o momento por que todos esperávamos, a mini ópera-rock que colocou os Queen numa categoria própria; arranjos orquestrais, harmonias vocais e sequências rock fantásticas é dizer pouco. O disco acaba depois de um tributo electrizante de May a God Save The Queen.

Respondendo à questão com que encerrei a introdução: é claro que os Queen não eram uma banda de singles, no entanto, as excentricidades e o barroco em Mercury conseguiam ser o melhor e o pior do conjunto. O lançamento de alguns dos melhores hits de sempre e uma postura em palco nunca abaixo do excelente cativaram uma eterna legião de fãs, mas, os mais aguerridos conseguem ver além disso e deliciar-se-ão com a outra face menos conhecida da banda.