sábado, 20 de junho de 2009

Eric Clapton - Wonderful Tonight

Quando perdemos a noção das horas e somos chamados à realidade pelo silêncio quase absoluto da noite, sentimos aquela atmosfera onírica onde o tempo perde sentido e os sentidos se perdem no tempo, passam as horas por minutos. Desde muito novo adquiri essa percepção de escape e com o tempo a fui refinando até esta se diluir na noção romântica que aqui pretendo divulgar. Parece-me que este estado pós-transe é materializado em momentos de grande vulnerabilidade para o sujeito, encontrando paralelismo emocional na entrega amorosa, isto é, o sentimento de patinar aereamente pela vida. Só uma canção me parece unir estes dois conceitos, sem surpresas, Wonderful Tonight descreve na letra um ideal romântico e a guitarra de Clapton destaca-se como o mais belo dos sons interrompendo candidamente o silêncio. Há esta espécie de beleza natural em Slowhand.

O blues é claramente um estilo nocturno, pois é na noite que a solidão nos assalta e a tristeza tem o seu público-alvo. O blues de Clapton é muito mais que isso: é a sublime mestria na difusão destes sentimentos através da sonoridade cristalina da sua Fender Stratocaster. É impressionante a admiração que um pedaço de musical de escassos minutos suscita numa pessoa, é o efeito comunicativo da arte no ser humano que nos leva a contemplar a visão acústica de um ideal e concluir em êxtase: não o conseguia descrever melhor…

PS: Qualquer semelhança com Patrick Bateman (American Psycho) é pura coincidência. A sério.

1 comentário:

Rui disse...

"...Invisible Touch was the group's undisputed masterpiece. It's an epic meditation on intangibility. At the same time, it deepens and enriches the meaning of the preceding three albums." xD