Este lançamento completou recentemente o seu quadragésimo aniversário, facto que não relevou muito para mim, não me interpretem mal, quero dizer apenas que não tenho anos de vida suficientes que me permitam rejubilar-me perante tal marco. É uma questão que faz pensar um pouco sobre o que é muitas vezes “falar” de cds (analisando a música mas derradeiramente pronunciando-me sobre uma noção de acústica que importa tanto a matéria como a forma): por um lado temos aqui um marco inultrapassável da música contemporânea e a prova disso é a sua persistência no meio musical após quarenta anos de “vida”, por outro, está aqui um objecto que não me parece poder ser contemplado na sua plenitude através de um formato digital e que, numa análise mais subjectivista mas igualmente partilhada por muitos dos que conhecem os The Beatles, não é o seu melhor trabalho. O jornalista Charlie Gillett disse: “Eles parecem ter perdido o contacto com as suas próprias emoções”.
Os “Fab Four” já tinham a fama, a glória e o poder, Sgt Pepper’s só podia ser diferente de tudo o resto. Temos um álbum conceptual (que curiosamente não começou como tal) que ganhou vida própria, ainda que despejado de significado: as drogas (Lucy In The Sky With Diamonds), a amizade (With a Little Help From My Friends), a velhice (When I´m Sixty-Four), todas surgem retratadas “do outro lado do vidro” como que idealizadas para construir a canção pop perfeita. Setecentas horas dispendidas na sua elaboração e cento e vinte e nove dias de gravação ilustram a vontade em perseguir caminhos diferentes em estúdio, na captação de sons e na sua manipulação (de recordar os ultra sons no final de A Day in Life e logo depois uns segundos de conversas no estúdio completamente baralhadas e recortadas de forma a soar uma massa fónica sem sentido, com o intuito de chocar o ouvinte). Até o artwork exultava a exuberância de uma banda de individualidades, quando o projecto de Peter Blake se baseava na imagem do grupo no parque depois de um concerto, rodeado de uma colagem de figuras em tamanho real, isto depois dos The Beatles terem deixado de actuar ao vivo. Em Sgt Pepper’s vive o mito de um grupo demasiado grande sem nada mais a provar que não a sua existência.
Confesso a minha preferência pelos primeiros registos, mas reconheço que se saltaram barreiras com Sgt. Pepper’s e que bela altura para se estar vivo… não fosse o facto de daqui para a frente nada voltasse a ser como dantes: agravava-se a tensão entre os membros, caía Brian Wilson (vejam a apologia de Pet Sounds feita pelo Chico), o Flower Power entrava em crise e pouco tempo depois Janis Joplin, Jimi Hendrix e Jim Morrison faleciam, enquanto John, Paul, George e Ringo seguiam cada um o seu caminho. Um legado que a ninguém ficará indiferente.
Os “Fab Four” já tinham a fama, a glória e o poder, Sgt Pepper’s só podia ser diferente de tudo o resto. Temos um álbum conceptual (que curiosamente não começou como tal) que ganhou vida própria, ainda que despejado de significado: as drogas (Lucy In The Sky With Diamonds), a amizade (With a Little Help From My Friends), a velhice (When I´m Sixty-Four), todas surgem retratadas “do outro lado do vidro” como que idealizadas para construir a canção pop perfeita. Setecentas horas dispendidas na sua elaboração e cento e vinte e nove dias de gravação ilustram a vontade em perseguir caminhos diferentes em estúdio, na captação de sons e na sua manipulação (de recordar os ultra sons no final de A Day in Life e logo depois uns segundos de conversas no estúdio completamente baralhadas e recortadas de forma a soar uma massa fónica sem sentido, com o intuito de chocar o ouvinte). Até o artwork exultava a exuberância de uma banda de individualidades, quando o projecto de Peter Blake se baseava na imagem do grupo no parque depois de um concerto, rodeado de uma colagem de figuras em tamanho real, isto depois dos The Beatles terem deixado de actuar ao vivo. Em Sgt Pepper’s vive o mito de um grupo demasiado grande sem nada mais a provar que não a sua existência.
Confesso a minha preferência pelos primeiros registos, mas reconheço que se saltaram barreiras com Sgt. Pepper’s e que bela altura para se estar vivo… não fosse o facto de daqui para a frente nada voltasse a ser como dantes: agravava-se a tensão entre os membros, caía Brian Wilson (vejam a apologia de Pet Sounds feita pelo Chico), o Flower Power entrava em crise e pouco tempo depois Janis Joplin, Jimi Hendrix e Jim Morrison faleciam, enquanto John, Paul, George e Ringo seguiam cada um o seu caminho. Um legado que a ninguém ficará indiferente.
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