domingo, 27 de abril de 2008

INXS - Kick

Nos meus últimos aniversários criei uma tendência para fazer durante alguns minutos um exercício de nostalgia e este ano evoquei uma memória particularmente engraçada que vou incorporar no post (álbum) deste mês. Como todos os adolescentes de 14 anos (os mais normais) sonhava acordado com uma rapariga que estava anos-luz à minha frente na esfera social. Durante o tempo em que durou esta paixoneta descobri INXS, mais especificamente um tema (Disappear) que era a coisa mais cool de sempre. Voltando à tal situação pseudo-embaraçosa, num dia de calor ela (que não sonhava que eu existia) passa pela rua onde eu do outro lado do passeio ouvia INXS e, repare-se, como o sol estava de frente para ela, a ideia era eu ser a primeira pessoa visível depois do encandeamento. Com completa consciência deste cenário pareceu-me que a coisa mais acertada a fazer era mudar para a faixa 8 do Greatest Hits e esperar que a moça reparasse no ar cool que emanava de mim. Este foi um (ainda que triste) exemplo da vibração que passa desta banda e deste registo de originais em especial.

O pontapé inicial é dado por Guns In The Sky, num rock FM bem batido, ainda que em 86 não se pudesse dizer o mesmo. Segue-se uma das melhores canções da banda, New Sensation, cuja letra acabou por dar o título ao disco ao vivo do grupo Live Baby Live e nestas palavras se revê a canção. Devil Inside segue uma sonoridade rock mais fluida e foi mais um êxito da altura. Para muitos Need You Tonight é "a" música dos INXS e para os restantes foi um sucesso nas discotecas da época; importa mesmo é reter que já toda a gente gostou ou gosta deste tema. Surge ligada (efectivamente só ao vivo) à canção anterior, Mediate, que consiste em repetir palavras acabadas em "ate", que curiosamente até funciona bem (com Michael Hutchence era fácil) e possui uma ambiência muito interessante criada pelo órgão e saxofone. The Loved One é uma das menos conhecidas, mas que se ouve muito bem, com uma estrutura blues que embora esteja presente no estilo do grupo australiano é mais notada aqui. Wild Life é uma canção que reúne características de New Sensation e Devil Inside, parece-me ideal para ouvir numa estrada larga ao volante de um descapotável. Mais outro grande êxito (ou o êxito) é Never Tear Us Apart, recentemente interpretada por Joe Cocker, mas não se enganem o original é mesmo este e é a versão definitiva. Mistify é das minhas favoritas e uma que consegue deixar milhares de pessoas a cantar ao mesmo tempo nos concertos do grupo. Depois da grandiosa experiência anterior, temos que arranjar um folgo extra para Kick, já não tão espectacular, mas com uma mensagem que diz tudo (“Sometimes you kick, sometimes you get kicked”). Como o álbum não acaba depois de Kick, temos Calling All Nations e Tiny Daggers que não conseguem superar nada do que ouvimos anteriormente, contudo, são um final muito agradável para um disco pop rock tão bom.

O tempo encarrega-se de concluir todas as histórias e nem a minha nem a dos INXS resistem: Michael Hutchence suicida-se (ou não) em 1997 e o grupo não volta aos sucessos que antes teve; depois de ver a rapariga passar lá arranjei coragem para falar com ela e tentar levá-la ao cinema, no entanto ficou por aí. É a beleza das memórias que realmente importam, pois passados 20 anos ainda permanecem: para o Kick sei que os anos não têm modo de o calar; já no que toca ao meu episódico romance, digo que vos contarei outros (é melhor dizer “outro” porque estas coisas no plural têm a mania de se voltar contra nós, futuramente falando) com um final mais feliz.

domingo, 20 de abril de 2008

Há leitores e Leitores...


Primare Leitor CD31

Quando comecei a reparar em aparelhagens olhava para os módulos e para as marcas e tinha como dado adquirido que todos os sistemas de som eram assim: imponentes e estilizados. Desde pequeno que sabia que era preciso ligar o amplificador, senão o leitor de cds não funcionava e que o gira-discos estava no canal de phono. O Hi-Fi Stereo era rei e senhor.

Passaram os tempos e mais ou menos pela altura do meu secundário, os sistemas miniatura fazem furor, ali estava uma aparelhagem que cabia na mala da minha mãe com uma potência capaz de arrancar o tímpano do ouvido. O equalizador era pré-definido para Pop, Rock, Dança ou Clássica e o mostrador de barras fazia inveja ao Kitt. Nunca possuí um confesso, mas digo que em audições feitas em sistemas alheios, não havia melhor para ouvir "metaleiras" (estilo do qual fui adepto na adolescência). O Mini Hi-Fi Stereo Ultra Bass estava na moda.

O motoqueiro em mim rapidamente partiu e sempre fui fiel à aparelhagem de módulos aiwa que lá tinha em casa. Há cerca de dois anos o amplificador deixou de amplificar, possivelmente, cansado de o fazer depois de tantas horas ao longo tantos anos. Foi quando fiquei obrigado a reproduzir música através do leitor de DVD que percebi a falta de um bom sistema de som: a reprodução perde qualidade, a música perde sensibilidade, o interesse decai. No que toca ao som falo aqui de uma experiência que tem que ser vivida para ser compreendida, pois sem a devida fidelidade cheguei mesmo a sentir-me como o comum Zé que ouve no PC os CDs e mp3 só para ter barulho de fundo (não censuro quem ouve música no computador porque também faço o mesmo e é assim que vou descobrindo bandas e actualizando o meu conhecimento musical, refiro-me antes aos que utilizam apenas este meio e não conhecem nem querem conhecer a música como ela foi feita para ser ouvida).

A situação manteve-se até que através de um amigo fico a conhecer um novo patamar de fidelidade sonora: o High-End. Esta espécie de mentor audiófilo apresentam-me um sistema que vou referir aqui:
Leitor de CD Accuphase DP-67 Pré Amplificador Primare Pré-30 Amplificador de potência Primare A30.2 Colunas ATC SCM11 Cabos colunas Acoustic Zen Satori Interconects balaceados Alguns vibrapods do Quadros e Ventura

Como calculam, no momento em coloquei uma cópia do Fear Of A Blank Planet dos Porcupine Tree (considerada a melhor gravação stereo surround de 2007) no Accuphase (que é um monstro no que toca à reprodução de CD), foi como se a estivesse a ouvir pela primeira vez e em toda a sua glória: todos os detalhes, todos os silêncios estavam ali perceptíveis e os graves (característica própria das colunas ATC) eram fenomenais.

O meu amigo acabou por substituir as colunas ATC por umas Harpa Lusitana com 8 vias de som (incluindo Super Tweeters) e agora com um sistema unificado Primare (do qual é parte o leitor da foto de cima) consegue uma sinergia e performance que antes não tinha. Não sou conhecedor mundo High-End (nem neste momento o posso ser devido ao custo dos aparelhos), mas cada vez que ouço uma peça musical neste tipo de sistemas aprendo algo de novo, porque embora a qualidade de som não seja o mais importante ajuda imenso a descobrir um universo que antes estava inexplorado, aumentando exponencialmente a qualidade do som que já tínhamos em boa conta (ou diminuindo no caso contrário). O High-End aguarda-nos, entretanto fica uma foto do meu velhinho aiwa mx-d8 (RIP).


Um obrigado aos administradores do www.audiopt.net e um grande abraço para o Orion (sempre à procura do sistema perfeito).